quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

"Sobre perder e se perder"



Estou lendo a biografia de Anna Freud e achei bem interessante este trecho onde se fala de quando ela era pequena num passeio a um parque em Viena, por um momento, embora sua mãe estivesse próxima, quando notou que sua babá Josefine não estava por perto, em pânico, correu para buscá-la, acabou se extraviando deixando todos preocupados, e só foi encontrada depois de uma procura  angustiada. Ela usou esse acontecimento para assinalar que foi a atenção de Josefine que a fez se sentir segura. Quando cresceu e se tornou analista de crianças enfatizou sobre este laço especial que teve com sua calorosa e amável "Kinderfrau". 



"Sobre perder e se perder"

É apenas quando os sentimentos dos pais  não são efetivos ou são demasiado ambivalentes, ou quando a agressão é mais efetiva que o amor deles, ou quando as emoções da mãe estão temporariamente ligadas em  outra parte, que as crianças não apenas se sentem perdidas, mas, de fato, se perdem. Isso acontece, de costume, em condições que facilitam a racionalização, mas que, por outro lado, são demasiado comuns para explicar o acontecimento específico, como multidões, uma loja de departamentos cheia etc... É interessante o fato que em geral, as crianças não se culpem por se terem perdido. Exemplo disso é um menino que, perdido numa loja, depois de voltar à sua mãe acusou-a, em prantos: "Você me abandonou" (e não "Eu abandonei você!")

Anna Freud, Uma Biografia.
Elisabeth Young-Bruehl